terça-feira, 29 de maio de 2012

Festival de Cannes 2012 - Kristen Stewart elogiada pela crítica por "Na Estrada"


"Diretor Walter Salles e atriz Kristen Stewart no festival de Cannes 2012 divulgando o filme On The Road - Na Estrada".


"NA ESTRADA" não recebe boas críticas, mas Kristen Stewart é bem elogiada por sua atuação no filme!

“Na Estrada”, o filme do brasileiro Walter Salles que estreou na última quarta-feira (23) no Festival de Cannes, teve uma acolhida apenas morna da crítica internacional.
Para Justin Chang, da revista “Variety”, é improvável que o filme ocupe o mesmo espaço do livro no imaginário das pessoas. “O filme fornece um equivalente superficial da prosa incansável do autor, complementado com altas doses de sexo, suor e nudez ocasionais”, escreve. Ele lembra que o autor do livro, Jack Kerouac, chegou a oferecer o projeto para Marlon Brando no final dos anos 50, “uma era cujo clima social, moral e cinematográfico dificilmente teria gerado o tipo de filme que apareceu mais de 50 anos depois”.



Lee Marshall, da revista “Screen”, deu apenas duas estrelas para o filme e escreveu: “Apesar do bom elenco, da fotografia esplêndida e da ótima trilha de jazz, o filme falha em ‘incendiar, incendiar, incendiar como fabulosas velas romanas’, para citar uma das passagens mais célebres do livro”. O crítico termina o texto afirmando que o filme “parece um pouco vazio na sua busca incessante de limpeza visual e na maneira como critica o mito de Kerouac ao mesmo tempo que o glorifica.”



No quadro de cotações da “Screen”, “Na Estrada” aparece em sétimo lugar na preferência dos críticos para levar a Palma de Ouro, atrás de diretores como Michael Haneke, Cristian Mungiu, Ken Loach e Thomas Vinterberg.
O britânico Peter Bradshaw, do jornal “The Guardian”, cravou: “Os belos planos e uma tristeza tocante não compensam o ar entediante de autocomplacência”.
Do outro lado da balança, uma das críticas positivas mais fortes veio de Kenneth Turan, do “Los Angeles Times”, um dos críticos mais respeitados dos EUA. “O filme de Salles é um poema em tom lírico sobre as aventuras de Kerouac. ‘Na Estrada’ capta a pureza que se busca há muito tempo e emprega jovens atores para mostrar que essa busca é eterna”.



"O brasileiro Walter Salles apresenta a adaptação do romance cult de Kerouac na competição de Cannes. Nós amamos", afirmou o jornal francês Le Figaro. Além de elogiar a atuação de Kristen Stewart, da saga Crepúsculo, a crítica também afirma que Salles "dá a impressão de reinventar o road movie".
O site norte-americano The Hollywood Reporter afirmou que Salles fez um trabalho respeitável, "em alguns momentos, até melhor do que isso". Segundo o texto, enquanto o impacto dramático do filme pode variar, o visual "é um prazer constante".
O inglês The Guardian afirmou que "Walter Salles trouxe para Cannes um filme bonito, mas sem direção". O texto ainda acusa a obra de ser narcisista, assim como seus personagens. Com uma das críticas mais duras que o longa recebeu, o The Guardian atribuiu apenas duas estrelas de cinco para a produção.
Outro veículo inglês, o The Telegraph, também achou que Na Estrada valia apenas duas estrelas na escala que vai até cinco. Segundo a avaliação, o trabalho de Salles prova a teoria de que o romance de Kerouac é inadaptável. "Apesar do elenco bonito e das cores ensolaradas, o filme logo entra em um ciclo entediante de depravações beatniks."

 

Walter Salles está acostumado com filmes de viagem, mas nunca tinha se aventurado tão longe do seu Brasil natal. | RICHARD DUMAS/VU POUR “LE MONDE”

“Na Estrada”, o filme, existe há décadas. Não somente como projetos de adaptação abortados, que ocupam as gavetas de Francis Ford Coppola, Gus Van Sant ou Joel Schumacher, mas no imaginário de centenas de milhares de leitores do livro de Jack Kerouac, publicado em 1956.
As tribulações transcontinentais de Sal Paradise e Dean Moriarty são a matriz de aventuras americanas vividas ou sonhadas por gerações de jovens que, um dia, quiseram partir longe. O princípio é sempre o mesmo: atravessar os Estados Unidos seguindo as fitas de asfalto, na esperança de descobrir o mundo, os outros, si mesmo.
Este sonho gerou um amontoamento de imagens, músicas, palavras, que formou uma camada tão espessa que nem sempre é possível perceber o que existia à base. “Na Estrada”, o filme de Walter Salles apresentado em competição em Cannes no dia em que entra em cartaz, nesta quarta-feira 23 de maio, tira a pátina para desvendar novamente as cores vivas, as emoções agudas, e a descoberta estonteante de uma forma de viver que implodiu – pelo menos, por um tempo – a American way of life.

A empreitada era arriscada. Não é coincidência se já se passou mais de meio século entre a publicação do romance e o início da construção do filme. Para fazê-lo, Walter Salles observou uma disciplina monacal. Precisou saber tudo do livro, que se tornou texto sagrado, do homem que o escreveu, das pessoas que serviram de modelo para os personagens, mobilizar os meios permitindo dar uma realidade material a paisagens desaparecidas. Depois, precisou apagar o conhecimento acumulado, a abundância de meios, para apenas mostrar a vida incerta, violenta e sensual de Sal Paradise e de seus amigos.
“Na Estrada” abre com uma viagem na traseira de uma picape. Andarilhos (hobos, em inglês americano), que acabaram de atravessar os anos da Depressão e da guerra dão lugar a um rapaz que não se parece com eles. Sal Paradise (Sam Riley) é o álter ego de Jack Kerouac, filho de operário originário do Québec nascido em 1922 que, de 1947 a 1950, atravessou várias vezes os Estados Unidos acompanhado de Neal Cassady (Dean Moriarty no romance).
O roteiro de José Rivera segue de relativamente perto o itinerário que o romance fixou para a posteridade. Mas também leva em consideração a realidade das viagens de Kerouac e Cassady. Da mesma maneira, a oscilação entre história e ficção aparece no elenco. Sam Riley, ator britânico (com sotaque americano impecável) não se parece em nada com Kerouac, enquanto Garrett Hedlund, que incarna Moriarty, lembra Neal Cassady.
De qualquer forma, “Na Estrada”, o livro, é também a história de sua própria criação, e a posição do artista – ator e observador, contemplativo, que se vê mergulhado de repente no coração da vida – está perfeitamente ocupada por Riley, com seu olhar sonhador e sua voz rouca.
Os personagens femininos tampouco estão no lugar atribuído por Kerouac. Marylou, a menina que flutua entre Dean e Sal (ela se chamava LuAnne Henderson), não é mais um brinquedo sexual avoado. Havia muito tempo (desde que a viu atuar em “Na Natureza Selvagem”, de Sean Penn, em 2007) que Salles estava decidido a confiar o papel a Kristen Stewart, que ainda não era a Bella de “Crepúsculo”. O diretor acertou, a atriz faz de Marylou/LuAnne uma moça pronta a assumir qualquer risco, sem mostrar a inconsciência de seus parceiros masculinos. Na última ponta do triângulo, Garrett Hedlund exibe um incrível poder de sedução, que faz esquecer todos os ultrajes (ao pudor, à amizade e ao amor) que comete.
Ao longo da estrada, o trio faz encontros efémeros, com que o espectador gostaria de se deter mais tempo: Viggo Mortensen ressuscita William S. Burroughs, poeta heroinômano e assassino, que serviu de modelo para o personagem de Bull Lee, Steve Buscemi faz um caixeiro-viajante homossexual perturbador, o jovem Tom Sturridge representa Carlo Marx, segundo Allen Ginsberg, do tempo em que era tão bonito quanto Kerouac e Cassady…
O elenco impecável, o roteiro de uma inteligência que frustra as armadilhas da adaptação, não são nada sem a mão do diretor. Walter Salles está acostumado com filmes de viagem: “Central do Brasil” (1998), “Diários de Motocicleta” (2003), mas nunca tinha se aventurado tão longe do seu Brasil natal, em estradas que são propriedades particulares dos cineastas americanos.
Com o diretor de fotografia e câmera Eric Gautier, Salles filma este imenso espaço com olhos novos, que eram também os de Kerouac e Cassady. As montanhas e os desertos reencontram sua virgindade de um tempo sem publicidade omnipresente, nem postos de gasolina parecidos com supermercados. Ainda se colhe o algodão com a mão, e o Sul vive sob o regime da segregação, que esses jovens brancos caçoam simplesmente porque gostam de jazz.
A liberdade é sua única regra e, já que alguns são escritores, a recusa das barreiras se tornará o dogma das gerações seguintes. Esta liberdade tem também um preço, que todo mundo paga: as amantes, as famílias, os amigos e finalmente os heróis. Walter Salles reabriu por inteiro a estrada das origens, do encanto solar da descoberta à amargura das separações.”



Kristen Stewart diz em entrevista no Festival de Cannes - "Cenas de sexo e nudez não me assustam"!

Na conferência de imprensa durante o festival francês, a atriz explicou que se sentiu desafiada e estimulada pelo enredo do filme realizado por Walter Salles e pela espontaneidade da sua personagem, Marylou.

«Adorei passar dos meus limites, adorei sentir-me assustada com isso. É muito mais interessante ver uma experiência genuína no ecrã e eu queria fazer isto», disse Stewart, que vestiu a pele de uma adolescente sexualmente desinibida e aventureira, personagem oposta à da tímida Bella Swan, de «Twilight».

«Eu queria aproximar-me o mais possível à experiência real. (...) Desde que estejas a ser verdadeira, não há que ter vergonha de nada», acrescentou.

A atriz de 22 anos revelou ainda que o primeiro convite para participar em «Pela Estrada Fora» surgiu quando tinha a mesma idade que a jovem que interpreta.

«Foi bom ter tido tempo para amadurecer alguns anos antes de começarmos as filmagens. Embora ela tivesse 16 anos quando a viagem começou, eu era muito mais nova do que ela com essa idade», explicou.

«Na Estrada» está na corrida pela Palma de Ouro em Cannes e tem estreia marcada nas salas portuguesas a 31 de maio. Adaptado do best seller autobiográfico de Jack Kerouac, o filme acompanha a aventura de dois amigos escritores pelos EUA do final dos anos 1950.



Elenco:

Emily D. Haley (People on the street)
Elisabeth Moss (Galatea Dunkel)
Barbara Glover (Okie Woman)
Sam Riley (Sal Paradise)
Kaniehtiio Horn (Rita Bettancourt)
Rocky Marquette (Alfred)
Ricardo Andres (Terry's Father)
Madison Wolf (Dodie)
Kim Bubbs (Laura)
Kristen Stewart (Mary Lou)
Kirsten Dunst (Camille)
Sona Tatoyan (Maggie)
Giovanna Zacarías (Puta Loca Roja)
Viggo Mortensen (Old Bull Lee)
Marie-Ginette Guay(Gabrielle Lévesque)
Sona Tatoyan (Maggie)
Danny Morgan (Ed Dunkel)Joey Klein (Tom Saybrook)
Joe Chrest (Virginia Cop)
Niko Romberg (uncredited)
Jeffrey T Ferguson (Lunchbox Guy)
Amy Adams (Jane)
Terrence Howard (Walter)
Larry Day
Garrett Hedlund (Dean Moriarty)
Steve Buscemi
Patrick Costello (Chad King)
Matthew Deano (Ray)
Tom Sturridge (Carlo Marx)
Alice Braga (Terry)
Bennie Bell (Towns Person)
Timothy A. Vasquez (Towns Person)
Tetchena Bellange (Walter's wife)
Michael Wozniak (Businessman)

País de Origem: Estados Unidos da América

Estreia no Brasil: 13 de Julho de 2012

Estreia Mundial: 23 de Maio de 2012

Outros Títulos:
Portugal: Pela Estrada Fora



Sinopse:

Após a morte de seu pai, Sal Paradise (Sam Riley), um aspirante a escritor de Nova York, conhece Dean Moriarty (Garrett Hedlund), um selvagem e carismático ex-presidiário. Determinado a evitar as armadilhas de uma vida, Sal cai na estrada juntamente com Dean, e isso se transforma em uma odisséia de mudança de vida física e emocional. Sedento de liberdade, eles descobrem o mundo, o êxtase da experiência, a ligação da humanidade e, finalmente, eles mesmos.

Festival de Cannes 2012 - Michael Haneke ganha Palma de Ouro com "Amour"

O diretor Michael Haneke ganha a Palma de Ouro por Amour no Festival de Cannes, na França (27/5/12)

Michael Haneke ganha Palma de Ouro com "Amour"; "Na Estrada", de Salles, fica sem prêmios!!!




Apenas três anos depois de vencer a Palma de Ouro com “A Fita Branca”, o austríaco Michael Haneke tornou-se bicampeão do prêmio máximo do Festival de Cannes com o filme francês “Amour”, sobre um homem idoso que precisa cuidar da esposa depois que ela sobre um derrame. Mais conhecido por filmes como “Funny Games” e “A Professora de Piano”, Haneke entrou num seleto clube de duplos vencedores da Palma que inclui o sérvio Emir Kusturica e os belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne.
O presidente do júri, o italiano Nani Moretti, anunciou o prêmio fazendo uma menção especial aos dois atores principais do filme, os franceses Jean-Louis Trintignant (“A Fraternidade é Vermelha”) e Emmanuelle Riva (“Hiroshima Meu Amor”). Depois da cerimônia, ele deu a entender que só não premiou os atores porque o regulamento proíbe outros prêmios ao filme vencedor da Palma. “Estou feliz de não estar sozinho aqui para receber este prêmio, mas com meus amigos. Os atores são a essência do meu filme”, disse Haneke ao receber o prêmio.
“Na Estrada”, de Walter Salles, saiu sem nenhum prêmio do festival. O filme recebeu uma acolhida apenas morna da imprensa internacional.

Mexicano polêmico
Sem nenhum forte favorito até o final do festival, Moretti confessou que nenhum dos prêmios foi dado por unanimidade pelos jurados. “Percebi que a maioria dos diretores tinham mais amor ao seu próprio estilo do que a seus personagens”, alfinetou. Já o estilista o Jean-Paul Gaultier, membro do júri, afirmou que o filme de Haneke o fez chorar.
O Grande Prêmio do Júri, segundo lugar na competição, ficou com o italiano “Reality”, de Matteo Garrone, sobre um peixeiro humilde que começa a enlouquecer com o sonho de entrar para o "Big Brother". O ator principal do filme, Aniello Arena, é um presidiário preso há 18 anos na Itália.
O prêmio mais controvertido foi o de melhor diretor para o mexicano Carlos Reygadas por “Post Tenebras Lux”, filme incompreensível que recebeu muitas críticas negativas de toda a imprensa. “Não sei como a imprensa recebeu o filme, mas alguns jurados ficaram tocados pela sua linguagem. Muitas emoções do filme continuaram a crescer dentro de nós”, disse Moretti.

Ao agradecer seu Prêmio do Júri por "The Angel’s Share", o britânico Ken Loach mencionou a crise econômica na Europa. "Mando minha solidariedade a todos aqueles que resistem hoje às medidas de austeridade e cortes na economia", destacou.

Le Chiffre premiado
O prêmio de melhor ator foi para o dinamarquês Mads Mikkelsen, o vilão Le Chiffre de “007 – Cassino Royale”, pelo filme “Jagten” (A Caça), como um homem acusado de pedofilia por sua comunidade. “Obrigado por ter me convidado ao seu universo de amor e medo”, agradeceu ele ao diretor Thomas Vinterberg. As melhores atrizes foram as romenas Cosmina Stratan e Cristina Flutur, de “Dupã Dealuri” (Além das colinas), de Cristian Mungiu.
Segundo Moretti, outros dois filmes dividiram bastante as opiniões do júri: o francês “Holy Motors”, de Léos Carax, e o austríaco “Paradise: Love”, de Ulrich Seidl. Ambos terminaram sem nenhum prêmio.
O prêmio Caméra d’Or, para um filme de diretor estreante, foi para o americano “Beasts of the Southern Wild”, de Behn Zeitlin, que já havia vencido dois prêmios no Festival de Sundance em janeiro. O júri do prêmio foi presidido pelo brasileiro Cacá Diegues.

Palma de Ouro
“Amour”, de Michael Haneke (França)
(com menção aos atores Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva)

Grande Prêmio do Júri
“Reality”, de Matteo Garrone (Itália)

Melhor Atriz
Cosmina Stratan e Cristina Flutur, por “Dupã Dealuri”, de Cristian Mungiu (Romênia)

Melhor Ator
Mads Mikkelsen, por “Jagten” (A Caça), de Thomas Vinterberg (Dinamarca)

Melhor Diretor
Carlos Reygadas, por “Post Tenebras Lux” (México)

Melhor Roteiro
“Dupã Dealuri” (Além das Colinas), de Cristian Mungiu (Romênia)

Prêmio do Júri
“The Angel’s Share”, de Ken Loach (Reino Unido)

Caméra d’Or – melhor filme de diretor estreante
“Beasts of the Southern Wild”, de Behn Zeitlin (EUA)

Melhor curta-metragem
“Silêncio”, de L. Rezan Yesilbas (Turquia)